Transnatural
Exposição O Gabinete de Curiosidades de Domenico Vandelli
Departamento de Botânico da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
29 de Novembro e 15 de Fevereiro de 2008 [ ver aqui ]
Paulo Bernaschina e Paulo Cunha e Silva redesenham um itinerário pós-biográfico de Vandelli a partir de peças museológicas da Universidade de Coimbra, da Universidade do Porto e da Universidade de Lisboa. A equipa de coordenação é constituída por Alexandre Ramires, Catarina Pires, Sérgio Gomes, Eduardo Proença-Mamede, Paulo Mora e Pedro Formosinho.
O projecto obedece a uma lógica naturalista que vai do mapeamento do mundo, de todos os seres vivos e inanimados que o habitam, até ao mapeamento do genoma humano. Esta narrativa construída em torno da História da Natureza e da História do Conhecimento, é interpretada pelos trabalhos dos artistas: João Leonardo, Miguel Palma, Francisco Queirós, Rosa Carvalho, Gabriela Albergaria, Alberto Carneiro, Miguel Branco, Pedro Medeiros, João Tabarra, André Cepeda, Inês Moreira e Luísa Bebiano.
(Também) a articulação com parte da exposição O CORAÇÃO DA CIÊNCIA (...) onde se incluem os fotógrafos, Jorge Molder, Paul Den Hollander, Joan Fontcuberta, Didier Morin , Joel Peter Witkin e Debbie Fleming Caffery." da memória descritiva do projecto

"Ex.mo Sr. Vandelli" de Inês Moreira, impressão em lona 70cmsx248cms
Texto:
Ex.mo Sr. Vandelli:
Por favor responda em papel normalizado e inclua o carimbo branco da sua instituição.
Como mede a extensão de um jardim colonial?
E para onde o ampliaria?
Que interesses militares se fecham num herbário?
E o que traz um espólio de guerra ao museu universitário?
Onde se depositam os inertes e o entulho mineralógico?
E como denominar essa nova sedimentação geológica?
Qual o passaporte para a fronteira da descolonização?
Qual o preço do visa e onde se carimba?
Em que folhas se escreve sobre uma folha de vandellia?
E sobre as memórias imaginárias de uma mina?
Onde aponta os lucros da indústria química?
Qual é a fórmula química de um prato artesanal?
Como ouvir os segredos académicos que ressoam nesse pote de faiança?
Como decora e pinta a sua porcelana?
Em que prateleira ordenou as suas categorias? Considera-se colector ou metodista?
Onde coloca os itálicos, as maiúsculas e como selecciona os étimos?
Para que língua traduz quando cita?
Em que país se sente em casa?
Em que tabela classifica os bichinhos de prata e os fungos dos animais taxidermizados?
Que informação inclui nas tabelas quando expõe?
Como aborda a perspectiva educativa dos públicos?
Que plantas e animais quer servir no seu catering?
Onde está a cátedra que construiu, quem nela se senta e onde está posicionada?
Com que instrumento definiu as suas rotas de viagem, que mapa usou e como tirou notas?
Como se instala um convidado? Onde se exila um estrangeiro? Com o que sonha?
Tribos inteiras, cidades, países.
Concorda, está a favor? Não sabe, não responde?
Caso esteja a par, pode esclarecer ao que se refere?
Inês Moreira